Conselho de Segurança da ONU "tem de investigar ataques de Israel à UNRWA"

por Cristina Santos - RTP
Philippe Lazarrini, responsável da UNRWA (agência da ONU para os refugiados palestinianos). Johanna Geron - Reuters

A exigência é feita pelo responsável da UNRWA (agência da ONU para os refugiados palestinianos), na sequência do relatório de especialistas independentes divulgado no dia 22 de abril, segunda-feira.

Philippe Lazarrini, em declarações aos jornalistas na sede da ONU em Nova Iorque, pediu que sejam apuradas as responsabilidades de Israel nos ataques a instalações da ONU. Ataques que provocaram a morte de 180 funcionários na Faixa de Gaza desde o início da guerra em outubro.

O chefe da UNRWA atacou diretamente Israel depois de, na noite de segunda-feira, Tel Aviv ter descrito a UNRWA-Gaza como uma “árvore podre e venenosa cujas raízes são o Hamas”. Para Philippe Lazarrini “o verdadeiro objetivo por detrás dos ataques à UNRWA é de natureza política: é privar os palestinianos do estatuto de refugiado, começando por Gaza, Jerusalém e Cisjordânia”

De acordo com Lazarrini "isto é exatamente o que ouvimos no Conselho (de Segurança) do Embaixador Israelita. É um objetivo de Estado."

Estas declarações surgem um dia depois de o relatório de especialistas independentes liderados pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, concluir que, apesar da falta de “neutralidade” política da agência humanitária da ONU, a UNRWA é “insubstituível” para os 5,9 milhões de palestinianos da região.

A UNRWA tem mais de 30 mil funcionários em toda a região e é acusada por Israel de ter “mais de 400 terroristas” na Faixa de Gaza, entre os seus funcionários. O governo israelita chegou a acusar 12 trabalhadores da agência da ONU de terem estado diretamente envolvidas no ataque do Hamas, no dia 7 de outubro de 2023, que matou 1.170 pessoas, principalmente civis.

Estas acusações israelitas levaram à suspensão do financiamento de doadores como os Estados Unidos e o Reino Unido. A Agência para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) é considerada a "espinha dorsal" da ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde mais de 34.000 pessoas, na sua maioria civis, foram mortas nas operações militares israelitas.
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